- Ano: 2016
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Fotografias:Cristobal Palma / Estudio Palma
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Fabricantes: GRAPHISOFT
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Universidade de Piura está implantada em um campus de mais de 130 hectares de bosque seco, típica paisagem desértica do norte do Peru. Atualmente cercado pelo tecido urbano da cidade de Piura, a Universidade abriga uma população de alunos em rápido crescimento. Devido a um program de incentivo à educação chamado beca 18, estudantes proveniente das classes econômicas mais baixas do país agora tem acesso ao ensino superior, ampliando a demanda por novos espaços didáticos, oficinas e escritórios.
O conceito principal deste projeto partiu do objetivo de criar uma nova atmosfera para o ensino e a aprendizagem, mais do que propor uma forma ou uma tipologia arquitetônica pré-definida. Acreditamos que a tradicional tipologia de “pavilhão” não corresponde mais com o nosso novo conceito de ensino, por isso procuramos desenvolver uma nova abordagem para o programa da Universidade. Duas considerações foram determinantes neste processo: primeiramente, os espaços de ensino deveriam privilegiar os encontros informais e estimular a troca de conhecimento dentro e fora das salas de aula. Além disso era fundamental uma arquitetura que proporcionasse as condições de conforto necessárias para o clima específico de Piura: ensolarado, quente e seco durante todo o ano, com poucas brisas de vento vindas do sul.
Os novos espaços propostos acolhem a vida estudantil da mesma maneira que a cidade compacta se protege da imensidão do deserto que a cerca. Seguindo a mesma lógica, o campus - como um deserto vazio - se protege da cidade: criando elementos de referencia, muitas vezes inusitados. Assim como as árvores ocultam um deserto de areia e sombra sobre as suas copas frondosas, o edifício de salas de aula esconde um mundo particular sobre a sua cobertura. Do exterior, temos a impressão de ver um edifício compacto, de geometria pura (70 x 70m) e orientado segundo os quatro pontos cardeais. No interior, se descortina um novo universo, um conjunto de onze edifícios independentes, de dois e três pavimentos, sobre esta cobertura generosa que fornece sombra à todos os espaços de encontro e circulação.
A separação entre estes edifícios favorece uma melhor ventilação e iluminação natural dos espaços internos e externos. Cada um deles conta com a sua própria cobertura, as quais se aproximam uma das outras de forma a deixar apenas estreitas faixas por onde a luz penetra porém, evitando a incidência direta dos raios de sol nos espaços interiores. Os edifícios encontram-se dispostos de tal forma a criar uma circulação racional e ao mesmo tempo gerando espaços intersticiais labirínticos entre eles. As cinco tipologias utilizadas criam um mundo para ser descoberto através de distintos percursos, conectados por rampas e escadas, pontuadas com áreas de estar, cafés, jardins secos e arquibancadas.
O edifício foi implantado em uma clareira em meio ao bosque seco, e a pesar de ser compacto, é totalmente acessível através das múltiplas entradas do campus. O exterior é configurado pela orientação de seus quatro lados: as fachadas norte e sul contam com brises solares verticais responsáveis por fornecer proteção efetiva para esta latitude, enquanto as fachadas mais expostas, leste e este, contam com elementos que filtram a luz solar e espaços semi abertos que fazem a intermediação entre os espaços abertos e fechados evitando o ganho de calor excessivo nas salas de aula.